segunda-feira, 11 de abril de 2011

Tasso da Silveira: Para onde estamos caminhando?

Caros, no meio desse doloroso redemoinho gostaria de fazer algumas últimas considerações :

1-Todas as tentativas de explicações/soluções para esse caso - uma mente doentia, o abandono familiar, maus tratos, bulling, extremismo religioso, a maldade e a imprevisibilidade inerentes a ação humana, o capitalismo, o sistema educacional e suas mazelas, a questão das armas, a cultura da violência, a sociedade vazia de significado e valores que estamos construindo – todas, algumas absolutamente dispensáveis nesse momento e outras absolutamente necessárias, não vão dar conta da seguinte questão que considero prioritária: A segurança de um local que abriga crianças que poderia SIM ser melhor.

2-Se ele disse que foi dar uma palestra, isso deveria ser checado. Se ele foi pegar o histórico escolar e encontrou a secretaria fechada, não poderia jamais ter passado pela segunda porta que conduz a subida das escadas e as salas de aula. O que ele foi fazer ali? Ali deveria ser “ local sagrado”. Como um homem todo de preto, de botas luvas e carregando uma bolsa de viagem (segundo a professora que estava na sala) adentra tranquilamente nesse segundo ambiente da escola sem ser sequer indagado? Isso aconteceria dessa maneira numa escola de classe média/alta? Ali tem crianças, filhos de pessoas como a gente, a vida das famílias, por favor, alguém acha mesmo que não há problemas? Um controle mais rigoroso evitaria o massacre? Talvez sim, por quê não, gente?

3-Se a mídia continuar com a irresponsabilidade de investir pesado nessa história de bulling, de publicar em primeira página as razões alegadas pelo assassino, de dizer que ele foi exitoso em sua ação (como já ouvi) poderá contribuir para que eventualmente uma criança que sofra qualquer tipo de chacota na escola se identifique emocionalmente, se espelhe nesse tipo de ação e pense em reagir de alguma forma extrema. Impossível? Hoje a realidade está nos mostrando que essa palavra não existe.

4- Eu pergunto e gostaria mesmo que as pessoas respondessem pra si da forma mais honesta possível: Alguém aqui deixaria seu filho de 12 anos, voltar pro mesmo lugar, pra mesma sala (mesmo que pintada, repaginada) , onde tivesse visto seus coleguinhas serem assassinados com tiros na cabeça, tivessem sido alvejados , fugindo pelo corredor da morte de um louco assassino com disposição ferrenha em lhes tira a vida? Por favor, alguém permitiria isso com um filho que ama? Alguém dormiria tranquilo sabendo que seu filho terá que conviver com uma tragédia dessa proporção que viveu na pele com tão pouca idade?!

5 -Por fim, Se continuarmos a ver essa cobertura sensacionalista e irresponsável da mídia, se continuarmos a ver os especialistas usando esse caso gravíssimo como laboratório de elucubrações e hipóteses sociológicas , psicológicas etc_, se continuarmos a assistir as autoridades dizerem que não vão mover uma palha na direção de dar segurança com dignidade as crianças que utilizam a escola pública; se continuarmos nesse caminho corremos o sério risco de deixar esse caso cair no esquecimento ao invés de o usarmos como marco definitivo pra melhorar o ambiente escolar da maioria das crianças brasileiras, os nossos brasileirinhos como carinhosamente citou a presidente.

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